Wednesday, May 31, 2006

Os braços longos


Jorge, aqui fica, em destaque, este seu comentário sobre a Esperança.
Não resisti a trazê-lo à primeira página.

'Em tudo que alvorece há um sorriso de Esperança', dizia Guerra Junqueiro.

Acho que a Esperança é o ser com os maiores braços do mundo: consegue ter um na terra e, com o outro, chegar ao céu...

Elas, no Azul













No azul está-se bem.
Eu sei.

Fantasia sem palavras

Tuesday, May 30, 2006

Rosas brancas


Só pode ser isto, depois do sexo dos anjos...

O Sexo dos Anjos II




Da mesma fonte mencionada no post anterior a este, parece-me interessante, no meu modesto juízo, a explicação dada para o complexo de Édipo.
Aqui deixo a visão de alguém com conhecimentos científicos da questão:

"Mesmo não sendo raros os casos de violação deste tabu (incesto), a maioria de nós interiorizou precocemente que há umas tantas pessoas de quem se gosta, que sempre estiveram lá, e para quem, no entanto, o desejo sexual não deve ser dirigido. A esta interiorização específica chamou-se complexo de Édipo. Na maioria dos casos, convém dizer que tal coisa, provavelmente, nem passaria pela cabeça dos intervenientes, já que nada desgasta mais o desejo do que a excessiva familiaridade."

O sublinhado é meu. Acredito que responde a uma "boa e malandra pergunta" que alguém lançou em tempos: "o sexo, num casal que está junto há mais de vinte anos, não é sexo entre amigos?"

O Sexo dos Anjos


Na revista Notícias Magazine do passado domingo, Isabel Leal, psicóloga, fala do tabu do incesto.
Diz, nesse artigo, que o tabu do incesto passa a tentativas de racionalização, logo após uma virulenta rejeição de algo considerado antinatura, repulsivo e ofensivo.
Até aqui, nada de novo.
O que me despertou curiosidade, foi a interpretação dada à utilidade social deste tabu, que a seguir transcrevo:
"Este curioso tabu serve, não para proibir uns poucos, mas permitir todos os outros. Serve para obrigar as famílias a não se fecharem em si mesmas mas, antes, a abrirem-se à comunidade mais vasta e ao mundo, através da troca sexual e afectiva dos seus membros. Ao reger interdições específicas, alimenta permissões muito maiores, e obriga-nos a deixar o ninho e fazermo-nos ao mundo".

Agora, face ao exposto, pergunto eu: como se justifica, então, a chamada geração-canguru?

Serão todos anjos?

Assuntos complexos...


Vou ser indiscreta

E pedir perdão, desde já, se é que isto é perdoável...
Alguém que vai tentar ser pacífico e pacifista, como aqui se pode enxergar comprometimento, também vai hoje ter almoço de confraternização com outros amigos da blogosfera. Embora não participando no evento, mas tendo sido generosa e delicadamente agraciada com convite, aqui quero expressar os meus sentidos agradecimentos pelo mesmo, que tanto me envaideceu.
Bem sei que não posso ombrear com tão ilustres convivas. Ainda assim, em futura ocasião, terei a ousadia de participar.


Senhoras e cavalheiros, que tenham um excelente almoço.

Monday, May 29, 2006

A paixão nua

A paixão nua e cega dos estios
Atravessou a minha vida como rios.



















S.M.B. Andresen

Soror Mariana - Beja

Cortaram os trigos. Agora a minha solidão vê-se melhor.














S.M.B. Andresen

Sunday, May 28, 2006

Pois foi, na areia e no azul







Friday, May 26, 2006

BFS com poesia, pois então!

No poema ficou o fogo mais secreto


O intenso fogo devorador das coisas


Que esteve sempre muito longe e muito perto.



S.M.B. Andresen

em Mar Novo

Aqui está a explicação cabal

da simbologia do raminho da Espiga.

Ensinado por quem sabe.

Com a devida vénia e os meus respeitos:


"o trigo, sinal de fartura de pão, papoilas ( sinal de amor e vida), oliveiras (símbolo de luz e paz), videiras( sinal de vinho e alegria) rosmaninho ( para dar saúde e força) e malmequeres (sinal de riqueza, ouro) ..."

Foi ontem...


...e passou-me ao lado.
Falo hoje do dia da espiga: se estou certa no que penso, este ramo significa o desejo de fartura (espiga de trigo), alegria (papoila) e paz (ramos de oliveira).
Nesta ilustração que consegui arranjar, o ramo de oliveira está substituído por rosmaninho e videira, o que também não está mal!
Quererá dizer algo de bom, certamente.
Que tudo isto não falte, a todos os meus amigos e conhecidos e ... aos outros.

Thursday, May 25, 2006

A um poeta de agora


Aqui se diz o que faz um poeta com os seus versos.
Que nunca a inspiração te falte e nunca a generosidade te mingue, poeta.

Bem-haja quem se preocupa e age.

Só imagens com luz


De novo Garcia Lorca, para que conste

Garcia Lorca foi uma espécie de símbolo das vítimas dos regimes autoritários de direita e da tirania fascista. Após a eclosão da Guerra Civil Espanhola, Lorca saiu de Madrid para Granada, onde, supostamente, estaria mais protegido. É que Lorca, como sempre são os intelectuais de vanguarda, era um inimigo natural de um regime autoritário. Além disso, numa Espanha católica, as possíveis tendências homossexuais de Lorca também eram mal vistas. Por essas razões e vítima de uma denúncia anónima, Lorca é preso. Dele se disse:
"mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver".
Assim, num dia de Agosto de 1936 o grande Poeta é executado com um tiro na nuca, e seu corpo é jogado num ponto da Serra Nevada.
A caneta calava-se, assim.

Wednesday, May 24, 2006

Seis Cordas


A guitarra faz soluçar os sonhos.
O soluço das almas perdidas
foge por sua boca redonda.

E, assim como a tarântula,
tece uma grande estrela
para caçar suspiros
que bóiam no seu negro
abismo de madeira.

Federico Garcia Lorca
in Antologia Poética

Nasceu em Granada em 1898

Pátio andaluz chamo a este

Gosto de pátios à andaluza

















Com flores e água cantante.

Já fazia falta um poema de Sophia


Foto de Anamargens
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa

Sophia de Mello Breyner Andresen

Ainda uma curiosidade - Gnose, o que é?

Gnosticismo/Gnose - sistema religioso cujo início se deu no começo da era cristã. Considerado por muitos como resultado da interacção do judaísmo, cristianismo e das filosofias religiosas do oriente. Possui seus próprios textos sagrados, sendo o principal o Evangelho de Tomás.
Segundo o mito gnóstico existe um deus perfeito, puro, imaculado, vivendo no paraíso.Tal deus gerou outros seres divinos (aeons), com, metaforicamente falando, os sexos definidos. Eles também são capazes de gerar proles perfeitas em si mesmas, contanto que as gerem utilizando um parceiro do sexo oposto.
Um dos aeons, Sofia, decidiu gerar sozinha um filho, sem a ajuda de um parceiro. O resultado foi um deus imperfeito e mal formado, chamado Yaldabaoth. Consciente do erro, Sofia joga seu filho numa região separada do cosmos.
Tal entidade mal formada e ignorante, vendo-se sozinha, acredita ser o único deus. Ele então cria a Terra e os seres humanos. Sendo frutos de um deus imperfeito, somos igualmente incompletos, num mundo ilusório.
Este deus, é o deus da Bíblia (antigo testamento).
Cristo seria um enviado do verdadeiro deus perfeito, oriundo de outro plano de existência, mandado para nos ajudar a enxergar a verdade e nos libertarmos desta ilusão em que fomos gerados, escapando das armadilhas da matéria e alcançando as altas regiões espirituais. Tal processo ocorre através da consciência da nossa verdadeira natureza e origem. Porém, existem os Archons, entidades criadas para nos manter na ilusão, detendo a jornada espiritual.
Gnose tem o significado de "conhecimento".

Fonte: www.astrumargentum.org.br

Fui ver porque estava curiosa

O Código Da Vinci
Fui ver o filme.
Já tinha lido o livro e achei nobre a requalificação dada a Maria Madalena. Gosto de quem valoriza a Mulher, o que nem é de espantar, sendo mulher. E gostei de alguém nos ter dado um Jesus com essa acrescida grandeza de, além de amar a Humanidade, enquanto filho de Deus, poder amar uma pessoa em particular, enquanto homem. Um Jesus assim humano, também com paixão e sentidos, amante fogoso como qualquer homem da sua idade, com uma companheira e gerador de Vida. Este Jesus, sentimo-lo mais irmão. Real ou mítico, é um Jesus que podemos acolher como amigo. Fé em Deus ? E fé nos Homens?

Tuesday, May 23, 2006

MÃE !

Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!


Almada Negreiros,
in A Invenção do Dia Claro

A magia das palavras









Há um fascínio na Palavra.

Será que a Palavra é o Alfa e o Conhecimento é o Omega?

Ou nunca chegaremos a Omega?

Digo o mesmo






















...ET GRATIA EJUS IN ME VACUA NON FUIT

Este vaso de cristal da Boémia






















que não tenho, imagino-o cheio de sonhos por sonhar, de sons por ouvir, de palavras por escutar, de perfumes por aspirar e de cores e formas por ver.
Está lá escondido tudo aquilo que ainda não me encantou.

Monday, May 22, 2006

As time goes by
















You must remember this
A kiss is just a kiss
A sigh is just a sigh
The fundamental things apply
As time goes by

And when two lovers woo
They still say I love you
On that you can rely
No matter what the future brings
As time goes by
The world will always welcome lovers
As time goes by

Um pensamento


A esperança adquire-se. Chega-se à esperança através da verdade, pagando o preço de repetidos esforços e de uma longa paciência. Para encontrar a esperança é necessário ir além do desespero. Quando chegamos ao fim da noite, encontramos a aurora.

Georges Bernanos

Coisas de Mulheres

Ao ler aqui sobre a brutalidade, a violência, senti-me obrigada a contar hoje, um pouquinho, quase nada, de conversas que ouvi a mulheres. Ao longo da minha vida, acima de tudo no meio laboral, contactei com muitas mulheres de idades iguais e diferentes da minha. E, nem sei porquê, algumas delas tiveram, em mim, aquele bocadinho de confiança suficiente para confidenciar das suas vidas. Não vou aqui dizer nomes, mas conto casos reais. Encontrando-me, num jantar de amigos, com alguém a caminho dos setenta anos, com quem convivi diariamente durante um tempo, e tendo-lhe perguntado, como é normal e porque me interessava saber (uma mulher de quem eu gosto, que estimo) - "Então como vais, qual é a tua vida, agora, com netos, reformada?" - obtive a resposta - "como tu bem sabes, continuo viúva de um homem vivo. Conheces o meu marido, como ele é velho desde novo." Não é a dependência económica. É o medo, que condiciona esta e outras mulheres que eu conheço, a viverem amarradas a alguém que já não amam e, pior ainda, já nem estimam. Outro caso que conheço, de uma mulher que diz, "o meu marido trata-me bem e gosta de mim, como gosta do cão, da casa, do carro, em resumo - sou um cão com dono, estimado mas com dono". Não estou a querer dizer que os homens são todos uns malandros, nem de longe.
Mas acredito que há mais mulheres presas, por medo, a casamentos que já não querem do que homens com a mesma motivação. Tenho a noção, talvez errada, admito, de que homem que fica preso a um casamento morto, fá-lo por pura acomodação a "casa, mesa e roupa lavada", pondo o pé em ramo verde, se bem lhe apetecer, porque nos homens não parece mal.
Quem discordar das ideias expressas, faça favor de comentar e botar abaixo.

Sunday, May 21, 2006

Como quem dá um rebuçado

Da revista Notícias Magazine, de hoje, 21 de Maio de 2006, da autoria de Eduardo Sá (psicólogo), de quem já outras vezes aqui transcrevi textos, também agora quero trazer algumas linhas, do artigo publicado sob o título “Os dias inúteis”.
……………………………….
“Prefiro, portanto, que sejamos crianças para sempre. Sem que os dias úteis nos adormeçam a inocência, o espanto e o deslumbramento. E, apesar do supérfluo que pareça, reservando neles o direito de perguntar, por tudo e por nada, e até sempre: «Porquê?» (mesmo que isso pareça ser um valor que fica, porta-com-porta, com a inutilidade). E, por mais que isso só pareça tolerável ao fim de semana, que caiba, nos dias úteis, o direito de brincar (que é, como se sabe, uma experiência de encontro entre dois corações que se escutam e, entre si, inventam aberturas fáceis). E se, porventura, houver quem, com assombro, imagine os dias úteis como recantos, essenciais, de solidão (onde – cá dentro – o tempo se reparta entre o paraíso perdido, da infância, e um paraíso presumido, no futuro), que haja quem lhe diga que os amigos são uma colina (de onde se avista mais espaço do que aquele que se entala entre o passado e o futuro), e que as pessoas com quem trocamos o nosso amor são – por mais que isso pareça não caber no que os dias tenham de mais útil – o planalto de onde se avista o paraíso antes, muito antes, de o futuro, com a sua inutilidade, nos tocar”.

E pronto…gostei tanto, que não consegui resistir a trazer este belo pedaço de prosa.
Bem-haja, Eduardo Sá, por estas coisas que escreve para eu ler nos meus dias inúteis!

Afinal, já há flores de jacarandá





Bem me valeu andar de nariz no ar... já vi algumas, esta tarde.
Ainda não são as flores de jacarandá mais lindas do mundo, que essas estão-me prometidas lá para o São João, mas já alegram!

Na terra onde remexo com as mãos






















aparecem estas maravilhas.

Friday, May 19, 2006

Bom fim de semana










Terreiro do Paço
de Paulo Ossião

Hoje é esta a prenda

para quem sente melancolia.

As palavras sabem navegar

















Foto de Chuvamiuda
Com a devida autorização, gentileza que agradeço e porque é bonita, deixo aqui uma foto de mar com palavras a fazer-se ao largo.


Porque hoje é sexta-feira















Podemos fazer uma concessãozita à fantasia, não?
Há disto em Paris. Eu vi...e gostei...chamem-me infantil...à vontade.

Mas que sei eu

Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?

Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono

Nenhum súbito lamento
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha

Ruy Belo
Todos os Poemas

Já são três, as flores no vaso















e na varanda há mais:

Thursday, May 18, 2006

Hoje também - há poesia

É a letra de uma canção linda, dorida, que costumo ouvir cantada por Alcione: Retalhos.

A ginga da porta-estandarte
O pingo de pingar pro santo
O homem que morre de enfarte
A reza que quebra o quebranto

O grito de dor na garganta
O herói na televisăo
A falta de fome na janta
O gesto agressivo da măo

Săo coisas do mundo
Retalhos da vida
Săo coisas de qualquer lugar
Mas se eu fico mudo
Esse mundo imundo
É capaz de me tentar mudar

A espera da moça do mangue
A mulher que faz o cochicho
O crime lá do bang-bang
No cine da boca do lixo

O velho mendigo na praça
A nęga que nunca negou
O triste palhaço sem graça
No circo que já desabou

Săo coisas do mundo
Retalhos da vida
Săo coisas de qualquer lugar
Mas se eu fico mudo
Esse mundo imundo
É capaz de me tentar mudar

O anúncio do novo cigarro
O trânsito louco varrido
A moça que corre de carro
E tenta sonhar colorido

O triste retrato da morte
Estampa o jornal o dia
Ao lado do riso da sorte
De quem ganhou na lotaria

Săo coisas do mundo
Retalhos da vida
Săo coisas de qualquer lugar
Mas se eu fico mudo
Esse mundo imundo
É capaz de me tentar mudar

Uma prendinha






Para
animar
quem
se
sinta
triste.




Flor com gotas de orvalho.

O burrinho


Trouxe este burrinho de longe.

Não sei o que ele faz ao pé do santo...

Só costumo ver burrinhos nos presépios.

Este parece inquirir...

Só perguntas e não sabemos respostas.


Quem conhece o Santo e o burro?

Há luz e força



















Em nós, onde nem suspeitamos.