Thursday, August 31, 2006

De Veneza e do Amor














do amor tanto se escreve
do amor tanto se fala
todos sabem do amor
uns dizem que o tiveram
outros que o sentiram
outros que o fizeram
há quem o procure
se o virem por aí
digam-lhe, quero falar-lhe

Poema de Chuvamiuda

Uma melancolia














Uma melancolia porquê?
Amanhã já é Setembro - começa o Verão a dizer Adeus!
Bem sei, cada época com seu encanto!

Xico: obgda pela foto aqui inserida.

Lindos animaizinhos


Roubei dali estes lindos burrinhos.
Burros, muitas vezes, são os outros, os "de cabelo".
Estes, "de pêlo", são inteligentes e meigos.
Apetece-me acabar "a jornada de luta" a ver algo fofo e suave e o mais pequenito destes cumpre a função de me prender o olhar.

Mulher


















"O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono, para a mulher um altar.
O trono exalta; o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher o coração.
O cérebro produz luz; o coração o amor.
A luz fecunda. O amor ressuscita.
O homem é um gênio; a mulher um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo indefinível.
A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher a virtude extrema. A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade.
O homem tem a supremacia; a mulher a preferência. A supremacia representa força; a preferência o direito.
O homem é forte pela razão; a mulher invencível pela lágrima. A razão convence; a lágrima comove.
O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher de todos os martírios. O heroísmo enobrece; o martírio sublima.
O homem é o código; a mulher o evangelho. O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.

O homem é um templo; a mulher um sacrário. Ante o templo, nós nos descobrimos; ante o sacrário, ajoelhamo-nos.
O homem pensa; a mulher sonha. Pensar é ter cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher um lago. O oceano tem pérola que o embeleza; o lago tem a poesia que o deslumbra.
O homem é uma águia que voa; a mulher um rouxinol que canta. Voar é dominar os espaços; cantar é conquistar a alma.
O homem tem um farol: a consciência. A mulher tem uma estrela: a esperança. O farol guia e a esperança salva.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra. A mulher onde começa o Céu."


Victor Hugo (1801 -1885)

O Amor é o Amor

























O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? -
espírito e calor!

O amor é o amor - e depois?!

Alexandre O'Neill
in Poesias Completas
Assírio & Alvim

Wednesday, August 30, 2006

O Efebo


















Claro e esguiamente medido como a amphora
Como a amphora
Ele contem um vinho intenso e resinado
A lucidez da sua forma oculta a embriaguez
A sua claridade conduz-nos ao encontro da noite
A sua rectidão de coluna preside à imanência dos desastres

Sophia de Mello Breyner Andresen
in Dual
Ed. Caminho


She























She may be the face I can't forget
The trace of pleasure or regret
Maybe my treasure or the price I have to pay
She may be the song that summer sings
May be the chill that autumn brings
May be a hundred different things
Within the measure of a day

She may be the beauty or the beast
May be the famine or the feast
May turn each day into a Heaven or a Hell
She may be the mirror of my dreams
A smile reflected in a stream
She may not be what she may seem
Inside her shell....

She, who always seems so happy in a crowd
Whose eyes can be so private and so proud
No one's allowed to see them when they cry
She maybe the love that cannot hope to last
May come to me from shadows in the past
That I remember 'till the day I die

She maybe the reason I survive
The why and wherefore I'm alive
The one I care for through the rough and ready years

Me, I'll take the laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be
The meaning of my life is
She....She
Oh, she....

Written by Charles Aznavour and Herbert Kretzmer

És feliz...

















...quando uma pessoa diz um segredo que só nós sabemos
****************************************
Há dias em que apetece ser mais infantil, e daí?

Verde, porque te quero verde














Foto: Anamargens

Tuesday, August 29, 2006

É isso?

Portas fechadas


Há pessoas que se sentem de fora
e precisam de alguém
para lhes mostrar
o caminho de entrada.
.....................
Precisam de alguém.
Talvez de ti...

Leif Kristiansson
in Há sempre alguém que precisa de ti
Ed. Presença

Foto: Anamargens

Divulgar Poesia

noite cais de chegada
abrigo dos medos
ninho dos amantes
balanço das escolhas
decisão da partida
caixa dos sons
reino da estrelas
palácio do luar
mãe do amanhecer
gaveta dos silêncios
é noite beija-me.....

Poema de Chuvamiuda

Bob Dylan forever










How many roads must a man walk down
Before you call him a man?
Yes, 'n' how many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand?
Yes, 'n' how many times must the cannon balls fly
Before they're forever banned?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.

How many times must a man look up
Before he can see the sky?
Yes, 'n' how many ears must one man have
Before he can hear people cry?
Yes, 'n' how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.

How many years can a mountain exist
Before it's washed to the sea?
Yes, 'n' how many years can some people exist
Before they're allowed to be free?
Yes, 'n' how many times can a man turn his head,
Pretending he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,
The answer is blowin' in the wind.

Monday, August 28, 2006

Ainda sobre leituras


















Um estupendo conjunto de textos sobre futebol, de escritores do Brasil, com aquele saborzinho tropical, tão gostoso!

















E a escrita deslumbrante, emotiva, sensual, de RLF.
(Pode clickar sobre as imagens para aumentar o tamanho)

Para "sinais"












...que se afirma como "um rio que, teimosamente, não seca".

Força, corre rio, busca o teu caminho.
Foto: Natalia S.

Friday, August 25, 2006

Perfume











no balanço de uma onda
largo-te rosas no oceano
a rota está traçada
já lhes sentes o perfume
caminhas à beira mar
na enseada do teu corpo
na âncora do meu destino
espalho as pétalas perfumadas
agora sim
podes serena e bela por fim adormecer

antónio paiva
in juntando as letras
Ed. Ecopy

Thursday, August 24, 2006

Mão que dá



A mão que dá. - Dá pão.

A pomba que aceita. - Sem saber o que é um complexo.

A nobreza da pedra. - Que assiste no silêncio da sua sabedoria.

A alegria no rosto. - De quem deu pelo prazer de ser fraterno.

Tonto













Trote, tropel, tonto
Para onde corres tu?
Não sabes que eu não quero
E tu não és cavalo.

Fica aí parado
Acredita que não podes.
Esqueceste a arte
Já não sabes d’amor.

Não te estoures
És pileca velha
Já não te chamas coração.

(A. Sigma)

Nas leituras? - omnívora














Li neste verão!

A perfeição existe?














... Quisera eu ser ...
Utopia!

Tons pastel


Em tons pastel de H.F.M. defino um sim e um não de pessoal e contestável escolha.














Pássaro, asas, azul, longes, sim.
Barco vazio, amarras, águas paradas, não.

Wednesday, August 23, 2006

Ofereço flores

A senhoras e senhores que por cá passarem.











Para que haja no vosso Verão um cheirinho a Primavera!

FOTO: Anamargens

Diz Pepetela

Sobre o golf:












Pepetela
in Predadores
Ed. Dom Quixote

Obrigada, Pepetela: que boa gargalhada!

Era uma vez


































no Alaska...

Rio, Pedra, Som














Mãe-Natureza, dá-me colo!

Tuesday, August 22, 2006

Gotas de luz













Adelaide, Alex, Ana, António, Carla, Carlos, Dalila, Eugénia, Eva, Francisco, Gabriel, Iracema, Isabel, João, Lizete, Luisa, Manuel, Margarida, Maria, Nuno, Paula, Pedro, Raquel, Ricardo, Rui, Sandra, Teresa, Vanda...
Sois gotas de luz nos meus dias.
Quando partilhais sorrisos, palavras, companhia, confidências, fotografias, leituras, poemas, e_mails, histórias engraçadas ou, também, quando partilhais tristezas e pensamentos amargos, pois nessas horas se procuram os amigos.

Diálogo - palavra tão bonita

- Boa noite - disse o principezinho, pelo sim pelo não.
- Boa noite - disse a serpente.
- Em que planeta caí? - perguntou o principezinho.
- Na Terra, na África - respondeu a serpente.
- Ah, então não há ninguém na Terra?
- Aqui é o deserto. Não há ninguém nos desertos. A Terra é grande - explicou a serpente.
O principezinho sentou-se numa pedra e ergueu os olhos para o céu:
- Interrogo-me - disse - se as estrelas brilham para que, um dia, cada um possa encontrar a sua. Olha para o meu planeta. Está mesmo por cima de nós... Mas tão longe!
- É lindo! - disse a serpente - Que vens cá fazer?
- Estou zangado com uma flor - respondeu o princepzinho.
- Ah! - exclamou a serpente.
E calaram-se.
- Onde estão os homens? - perguntou, por fim, o principezinho. - Está-se um pouco só, no deserto...
- Também se está junto dos homens - afirmou a serpente.
O principezinho observou-a durante muito tempo:
- És um bicho esquisito - disse por fim - esguio como um dedo...
- Mas sou mais poderosa do que o dedo de um rei - retorquiu a serpente.
O principezinho esboçou um sorriso:
- Não és nada...nem sequer tens patas...nem sequer podes viajar...
- Posso levar-te para mais longe do que um navio - afirmou a serpente.
Enrolou-se à volta do tornozelo do principezinho como uma pulseira de ouro:
- Aquele em quem tocar restituo-o à terra de onde veio - afirmou ainda. - Mas tu és puro e vens de uma estrela...
O principezinho não respondeu.
- Tenho pena de ti, tão débil, nesta Terra de granito. Posso ajudar-te, um dia, se tiveres muitas saudades do teu planeta. Posso...
- Oh! Compreendi muito bem - disse o principezinho - mas porque me falas sempre em enigmas?
-Eu resolvo-os todos - respondeu a serpente.
E calaram-se.

Saint-Exupéry
in O Principezinho

Por aqui vamos




Manhã cedo, a ver o sol nascer;
à tardinha, de regresso ao campo.

Monday, August 21, 2006

Entra o sol no meu quintal













Vem um raiozito de sol.
E já há uma alegriazinha por causa disso.
Assim se sabe que a vida tem momentos de paz.
As coisas boas que o dinheiro não dá.

O Poeta trágico


No princípio era o labirinto
O secreto palácio do terror calado
Ele trouxe para o exterior o medo
Disse-o na lisura dos pátios no quadrado
De sol de nudez e de confronto
Expôs o medo como um toiro debelado

Sophia de Mello Breyner Andresen
in Dual
Edit. Caminho

Já se pode comprar


Livro de Poemas

Livraria Leitura, no Porto, Rua de Ceuta, nº 88.
Livraria Buchholz, Lisboa, Rua Duque de Palmela, nº 4.

Não vou perder!

Gosto de ler Mia Couto


Do conto "O Homem Cadente":
"os tempos de hoje são lixívia, descolorindo os encantos".

Visita de inspecção













à minha cozinha...

Friday, August 18, 2006

Meus cavalos













Fechei à chave todos os meus cavalos
A chave perdi-a no correr de um rio
Que me levou para o mar de longas crinas
Onde o caos recomeça - incorruptível

Sophia de Mello Breyner Andresen

Ainda que sintamos as mãos vazias













Olhai as aves do céu que nem semeiam nem colhem, nem ajuntam em celeiros
...............
Olhai os lírios do campo, como eles crescem, não trabalham nem fiam e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda sua glória, se vestiu como eles
................
Foto (borbolet): M.J.Costa

Junto à luz

Falamos junto à luz. Lá fora a noite

Imóvel brilha sobre o mar parado.

À sombra das palavras o teu rosto

Em mim se inscreve como se durasse.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Escondemos?



Não há nada de que nos escondamos mais do que da morte e da solidão (que é uma forma de morrer devagarinho em vida).

Água também é mar











Água também é mar
E aqui na praia também é margem
Já que não é urgente
Aguente e sente aguarde o temporal
Chuva também é água do mar lavada
No céu imagem
Há que tirar o sapato e pisar
Com tacto nesse litoral
...............
Canta: Marisa Monte

Thursday, August 17, 2006

Sobre a Paz
















A Paz só nasce pela força da razão, quando cada um de nós aceitar a fraternidade como um valor inquestionável.

Foto: Anamargens

Poema-Canção: Teresinha














O primeiro me chegou
Como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia
Trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens
E as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio
Me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada
Que tocou meu coração
Mas não me negava nada
E, assustada, eu disse não

O segundo me chegou
Como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar
Indagou o meu passado
E cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta
Me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada
Que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada
E, assustada, eu disse não

O terceiro me chegou
Como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada
Também nada perguntou
Mal sei como ele se chama
Mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro
Dentro do meu coração

Letra e música: Chico Buarque
In: "Ópera do Malandro", 1978

A força da Pedra


















A força da pedra.
Ainda que não creias.

Foto: Anamargens

Ilha da Madeira de outros tempos
















Este post tem dedicatória especial: à Tia Cremilde e a Chuvamiuda, dois "contenentais" com umas raizitas na Madeira.
Umas fotos de lá, como nós não conhecemos.
Anteriores ao reinado de Dom Alberto João I.