Ao ler
aqui sobre a brutalidade, a violência, senti-me obrigada a contar hoje, um pouquinho, quase nada, de conversas que ouvi a mulheres. Ao longo da minha vida, acima de tudo no meio laboral, contactei com muitas mulheres de idades iguais e diferentes da minha. E, nem sei porquê, algumas delas tiveram, em mim, aquele bocadinho de confiança suficiente para confidenciar das suas vidas. Não vou aqui dizer nomes, mas conto casos reais. Encontrando-me, num jantar de amigos, com alguém a caminho dos setenta anos, com quem convivi diariamente durante um tempo, e tendo-lhe perguntado, como é normal e porque me interessava saber (uma mulher de quem eu gosto, que estimo) - "Então como vais, qual é a tua vida, agora, com netos, reformada?" - obtive a resposta - "como tu bem sabes, continuo viúva de um homem vivo. Conheces o meu marido, como ele é velho desde novo." Não é a dependência económica. É o medo, que condiciona esta e outras mulheres que eu conheço, a viverem amarradas a alguém que já não amam e, pior ainda, já nem estimam. Outro caso que conheço, de uma mulher que diz, "o meu marido trata-me bem e gosta de mim, como gosta do cão, da casa, do carro, em resumo - sou um cão com dono, estimado mas com dono". Não estou a querer dizer que os homens são todos uns malandros, nem de longe.
Mas acredito que há mais mulheres presas, por medo, a casamentos que já não querem do que homens com a mesma motivação. Tenho a noção, talvez errada, admito, de que homem que fica preso a um casamento morto, fá-lo por pura acomodação a "casa, mesa e roupa lavada",
pondo o pé em ramo verde, se bem lhe apetecer, porque
nos homens não parece mal.
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