Wednesday, December 28, 2005

Inesquecível Sophia

Atrevo-me, a título de modestíssima homenagem, a trazer aqui um poema de Sophia, Menina do Mar das nossas memórias mais doces:

Bebido o luar

Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN