O mesmo poeta
Cantiga de Amor
I
Por que não me acompanhaste?
Por que não me acompanhaste
se sabias que sem ti o alvorecer não faria sentido?
Que o brilho das estrelas ficaria desnutrido
e seríamos mesmo como ovelhas desgarradas?
Por que eleger outros interesses que não os do amor?
II
Por ti fui capaz das metáforas mais exageradas,
fiz chover versos de gerânios sobre o reino
e bêbado de paixão padeci na amurada do teu castelo
e tangi a lira numa toada que resplandeceu
por todo reino durante uma década.
E as extravagâncias se sucederam:
arranquei todas as pedras do reino com a boca
e levantei um altar para todos os dias
agradecer aos deuses o presente
de contemplar tua face - verónica do amor -
e sentir a vida transbordando de teu hálito.
III
És tanto e tudo e como dói a tua ausência.
IV
É certo que ainda comungaremos dos cânticos dos êxtases,
está escrito na nossa história - os oráculos não se enganam.
Então, vou caminhando pelos tempos
até o dia em que minhas lágrimas encontrarão o teu sorriso.
José Inácio Vieira de Melo
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