qualquer coisa inocente
Estendi a mão por qualquer coisa inocente
uma pedra, um fio de erva, um milagre
preciso que me digas agora
uma coisa inocente
Não uses palavras
qualquer palavra que me digas há-de doer
pelo menos mil anos
não te prepares, não desejes os detalhes
preciso que docemente o vento
o longínquo e o próximo
espalhe o amor que não teme
Não uses palavras
se me segredas
aquilo que no fundo das nossas mentiras
se tornou uma verdade sublime
JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA
(de Machico, N-1965)
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