Tuesday, February 14, 2006

Como quem penetra num poema ignorado



"Adentro-me na água morna do rio como quem penetra num poema ignorado ou num amor nascente.

Não nado, deslizo, com os cabelos soltos que me seguem, oscilando, e que se enrolam, de onde em onde, nos dedos de plantas misteriosas.

Ultrapassam-me e cruzam-me peixes azuis que me fitam sem lágrimas, sem cheiro, sem ruído, sem alma."

Rosa Lobato de Faria

in O Prenúncio da Águas (ASA de bolso)