Thursday, September 14, 2006

Ao cair do pano

"É tarde. Inês é morta"...

Faltou dizer, inépcia minha, um muito obrigada a todas as pessoas que permitiram e ajudaram a que tivesse sido...ou deixasse de ser.
Fechou-se um ciclo curto mas, para mim, valioso.
Aprendi mais um bocadinho sobre a humanidade, a minha e a dos outros.

Wednesday, September 13, 2006

Não mais.

Ficou por contar

Uma vez, aqui, falei de Praga.
Disse que talvez um dia contasse, neste blogue, como uma bailarina de cabaret me sorriu com calor e brilho e dançou para mim, só para mim.
Essa história ficou por contar.
Fica a foto do lugar, da rua.

Grasnando
















Dores ao vento.
Ouvi.

Poema Frente a Frente

Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.

Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis- e é tão pouco!

Eugénio de Andrade

Olhares










Foto: jacarilo

Fiquei a pensar nisto













...que li no Blogue do Pepe, com o título "Peixes desnudos".
E ocorreu-me ir à Bíblia.
Achei isto:

Livro do Génesis
Capítulo 2
......................................................................
25 E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.

Olhar de frente

Às vezes custa, olhar assim, de frente.
Senão, não haveria a expressão "enterrar a cabeça na areia".

















Foto do "jacarilo"
Clickar para ver GRANDE

Tuesday, September 12, 2006

Eles estragam-me...


Sabem como eu gosto de gaivotas, verdade?
A Kelly e o Carlos foram de férias e trouxeram-me: Uma (esta) gaivota “irlandesa”…
Mil vezes obrigada.

Embelezando o dia














Porque cada dia merece a sua dose de beleza.

Quixotesca



















Sinto-me quixotesca e entranho-me nestas obras de Dali.
"126 capítulos de sabedoria, amizade, enternecimento, encantamentos, loucuras e divertimento"
in http://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Quixote

Monday, September 11, 2006

Reparação

Hoje, vou reparar a injustiça de nunca ter postado algo de Francisco José Viegas. Um autor que admiro imenso. Cujas palavras me tocam profundamente.













Uma marca de algum fogo. O que nela foste tu
apenas, a dor que causas ou que no corpo se demora.
O amor obriga a esquecer. Estiola, o corpo, demora-se
um pouco mais como uma lembrança, como uma vaga.
É tão pouco, o corpo, tão breve, tão claro o seu prazer,
tão só. Diante dele se morre, se emudece, se não acorda
em ti o calor de um Verão intenso. Diante dele
se morre, se não se abre naquele instante o clarão
em que a tua sede encontra outra sede igual,
ou nem isso, só um corpo, uma condição, uma ventania.

Francisco José Viegas
in O puro e o impuro

Contudo, teimamos na esperança


De achar os difíceis caminhos para a Paz.

As palavras



















As palavras que murmurei no instante em que aconteceu esta imagem: "Oh Deus, vem aí a Terceira Guerra Mundial".
A primeira torre podia ter sido acidental.
A segunda retirou qualquer dúvida.
Infelicidade maior é, até hoje, continuar a pensar que as palavras tinham fundamento, apesar de tudo o que continua por explicar.

Estes romanos são loucos?

Vejo cada uma que parece mentira...













Quem desmonta?

Sunday, September 10, 2006

É pimba? - Não é nada

Não é pimba. E se fosse? - não me desculpavam?
Porque é Setembro, porque já sopra uma brisa pelas tardes, porque as folhas das videiras já amarelecem...
É do Vitor Espadinha: Recordar é viver.

Foi em Setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio
Nas mãos o calor de Agosto
E um sorriso
Um sorriso tão grande que não cabia no tempo
Ouve, vamos ver o mar
Foste o trinta de Fevereiro de um ano por inventar
Falámos, falámos coisas tão loucas que acabámos em silêncio
Por unir as nossas bocas
E eu aprendi a amar

Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões
Mas tu foste a mais linda história de amor
Que um dia me aconteceu
E recordar é viver, só tu e eu

Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos o mês frio de Janeiro
Lembro-me que me disseste que o meu corpo tremia
E eu, eu queria ser forte, respondi que tinha frio
Falei-te do vento norte
Não, não me digas adeus
Quem sabe, talvez um dia... como eu tremia, meu Deus
Amei como nunca amei
Fui louco, não sei, talvez
Mas por pouco, por muito pouco eu voltaria a ser louco
Amar-te-ia outra vez

Friday, September 08, 2006

René Lalique, para dar beleza




Jóias e outros objectos de arte de Lalique podem ser vistos no Museu Gulbenkian.
Fica aqui um "cheirinho" da sua arte, para embelezar o fim de semana.

Navegar é preciso


















Porque 6ª-feira é diferente dos outros dias.
Solta-se a vontade de ir, de cortar amarras.
Foto de Picasso

Thursday, September 07, 2006

Onde eu aprendo tanto

É nestas paragens.

















Pintura, fotografia, ilustração. Arte do século XX.

Com António Gedeão












...como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Talvez de ti

Há o tempo da plenitude













Para plantar e colher...

...e há canções desesperadas














He ido marcando con cruces de fuego
El atlas blanco de tu cuerpo.
Mi boca era una araña que cruzaba escondiéndose.
En ti, detrás de ti, temerosa, sedienta.

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Entre los labios y la voz, algo se va muriendo.
Algo con alas de pájaro, algo de angustia y de olvido.

Pablo Neruda

Wednesday, September 06, 2006

Sei de um camionista
















...que percorre a Europa no seu camião e reporta com graça e saber, o que vê, o que acontece, com quem convive, o que fez para almoço, como vai preocupado com a saúde da mãe, quanto está ansioso com a filha mais nova...
Dá-nos de si em palavras, fotos, videoclips.
Agora está de férias. Tirou o camião da estrada e meteu os pés na água...
Boas férias, amigo, boas férias.

Tuesday, September 05, 2006

Coragem

Só é realmente corajoso o homem que suporta a desgraça.
(Marcial)

Se está muito difícil encontrar o caminho, faça-o.
(Autor desconhecido)

O medo é o mais ignorante, o mais injusto e o mais cruel dos conselheiros.
(Eduardo Burke)

Não se explica

62% da minha vida, vivi-a em Lisboa.
Sinto-me, sempre, cem por cento moura!
Lisboeta? - Nem sei o que é...






Cântico dos Cânticos



Inspirada no belíssimo poema "postado" por Manuel Maria, ousei trazer aqui, em tradução de José Tolentino de Mendonça, este bocadinho maravilhoso do Cântico dos Cânticos.
...................................................
És jardim fechado minha irmã minha esposa
um jardim fechado uma fonte selada
as tuas plantas um bosque de romãzeiras
com frutos deliciosos com cipros e nardos
nardo e açafrão
cálamo e canela e toda a sorte de árvores de incenso
mirra e aloés e os bálsamos escolhidos
a fonte do jardim uma cisterna de água viva que jorra desde o Líbano
levanta-te vento norte vem vento do sul soprai no meu jardim
espalhem os seus perfumes
entra o meu amado no seu jardim e come seus frutos doces

CÂNTICO DOS CÂNTICOS
IV
JOSÉ TOLENTINO de MENDONÇA

A flor é apenas flor














Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas a borboleta
E a flor é apenas flor.

(Alberto Caeiro)

Existem mesmo, mas sem asas

Mais de Sophia














"- Que é feito daquele
Para quem eu guardava um reino puro
De espaço e de vazios
De ondas brancas e fundas e de verde vazio?"

Ele não dormirá na areia lisa
Entre medusas, conchas e corais

Ele dormirá na podridão
E ao Norte e ao Sul
E ao Leste e ao Poente
Os quatro cavalos do vento
Exactos e transparentes
O esquecerão

Porque ele se perdeu do que era eterno
E separou o seu corpo da unidade
E se entregou ao tempo dividido
Das ruas sem piedade.

Monday, September 04, 2006

Pode-se ter medo do Paraíso?

Imagem: dali.





















Tememos o que é desconhecido, mesmo que o imaginemos agradável?

Porque o ouvi, cantado - Neruda

E porque me encanta muitíssimo, porque volto a ele vezes sem conta.













Me gusta cuando callas por que estás como ausente,
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
Y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
Emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
Y te pareces a la palabra melancolía.

Me gusta cuando callas y estas como distante.
Y estás como quejándote, mariposa de arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza,
Déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gusta cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

qualquer coisa inocente


Estendi a mão por qualquer coisa inocente
uma pedra, um fio de erva, um milagre
preciso que me digas agora
uma coisa inocente

Não uses palavras
qualquer palavra que me digas há-de doer
pelo menos mil anos
não te prepares, não desejes os detalhes
preciso que docemente o vento
o longínquo e o próximo
espalhe o amor que não teme

Não uses palavras
se me segredas
aquilo que no fundo das nossas mentiras
se tornou uma verdade sublime

JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA
(de Machico, N-1965)

Voltei ao mar














Voltei a meter o pé na areia e o "eu" no mar.
É o que conheço de mais parecido com o vôo de uma gaivota...
Mar adentro dá uma sensação boa!
Horizontes grandes. Liberdade.

Friday, September 01, 2006

Só as tuas mãos


















Só as tuas mãos trazem os frutos.
Só elas despem a mágoa
destes olhos, choupos meus,
carregados de sombra e rasos de água.

Só elas são
estrelas penduradas nos meus dedos.
- Ó mãos da minha alma,
flores abertas aos meus segredos.

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Eugénio de Andrade,
As mãos e os frutos

Epístola para Dédalo

Porque deste a teu filho asas de plumagem e cera
se o sol todo-poderoso no alto as desfaria?
Não me ouviu, de tão longe, porém pensei que disse:
todos os filhos são Ícaros que vão morrer no mar.
Depois regressam, pródigos, ao amor entre o sangue
dos que eram e dos que são agora, filhos dos filhos.

Fiama Hasse Pais Brandão
in Epístolas e Memorandos

Porque já é Setembro


















Porque é sexta-feira, porque já é Setembro, porque cada dia de vida e saúde é uma graça, caros visitantes do bloguito façam o favor de tentar ser felizes, de ter um fim-de-semana em beleza.

Para um amigo













Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo da algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.

António Ramos Rosa