Friday, March 31, 2006

De volta

Muitos de nós, mouros lá bem do sul, temos este teimoso vício de pasmarmos perante a beleza da nossa terra. Deve ser efeito colateral da afectividade que nos liga ao sítio onde deixamos raízes.
Acabada de regressar a Lisboa, já aqui vou desejando um bom fim de semana e deixo uma amostra de como é linda a minha província.

Monday, March 27, 2006

Vou dar uma volta




Uma volta curta.

Até breve.

Sunday, March 26, 2006

Pássaro de fogo


















"A um olhar, Havana se revela paraíso, país afortunado.
Flamingos sob palmeiras.
Floresce o mal não interditado.
Em Havana, as coisas são muito claras: brancos com dólares, negros sem um cent.
Por isso Willy com sua vassoura varre as proximidades de Henry Clay and Bock Limited "

Vladimir Maiacovsky (1925),
poema Black and white

Rainha


Rainha, atrás desta serenidade guardas,
ciosa, a caixa rubra de tuas fantasias.
Este perfil fidalgo erecto o cheiro de especiaria
e elegância clara indiscutível
o discurso silencioso do olhar...
são prismas de um mistério cordial.
Mas eu sou marinheiro louco
(um Odisseu tocado pelo encanto)
e tenho pretensões aos sete mares.



Juarez Leitão

A sobrinha faz anos

Eva, princesa, parabéns pelos 12 anos. Um beijo.

A tia usa aqui um desenho infantil porque ainda te vejo pequenina.

Mas 12 anos é coisa importante, a caminho de mulher e, como já hoje te disse, com os anos vem a necessidade de se ser mais responsável.

Saturday, March 25, 2006

MAR (uns bombons)

Reino de medusas e água lisa
Reino de silêncio luz e pedra
Habitação das formas espantosas
Coluna de sal e círculo de luz
Medida da Balança misteriosa.

A minha esperança mora
No vento e nas sereias -
É o azul fantástico da aurora
E o lírio das areias.

Há muito que deixei aquela praia
De grandes areais e grandes vagas
Mas sou eu ainda quem na brisa respira
E é por mim que espera cintilando a maré vazia.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Fronteiras



Se a vida é um palco, como desenhas, em ti, as fronteiras entre a pessoa e o personagem?

Exorcizar o lado oculto



Neruda: "Sucede que me canso de ser homem"

Eu, às vezes sou Quixote. Às vezes sou Sancho.

Às vezes sou um beduino, amarrotado, no fundo da tenda, à espera que passe a tempestade.

Friday, March 24, 2006

Azul, tudo azul


Azul de céu

Azul de mar

Votos de

Bom fim de semana.

Deve ser bom, digo eu



- Lagosta é bom!

- Porquê? - já comeste?

- Não, mas vi comer!

*************

Assim digo eu: jogar golfe deve ser bom!

Thursday, March 23, 2006

As cores da primavera são estas








BELAS,
BELAS.

Velhas ternuras

I know I stand in line, until you think you have the time
To spend an evening with me
And if we go someplace to dance, I know that there’s a chance
You won’t be leaving with me

And afterwards we drop into a quiet little place
And have a drink or two
And then I go and spoil it all, by saying something stupid
Like: I love you

I can see it in your eyes, that you despise the same old lies
You heard the night before
And though it’s just a line to you, for me it’s true
It never seemed so right before

I practice every day to find some clever lines to say
To make the meaning come through
But then I think I’ll wait until the evening gets late
And I’m alone with you

The time is right your perfume fills my head, the stars get red
And oh the night’s so blue
And then I go and spoil it all, by saying something stupid
Like: I love you

Sinatra, The Voice

Meu País adiado, ainda


Nos tempos das misérias, em que os portugueses iam, de valise de cartão, ganhar o pão em França, tantos morreram pelas estradas de Espanha.
Hoje, ano da graça de 2006, integrados que estamos numa comunidade dita dos ricos, porque morrem portugueses nas estradas de Espanha?

Porque no seu País, ainda adiado, falta-lhes o ganha pão que encontram em Espanha. Lá, não há problemas na construção civil, dizem.
Sobram-nos braços, braços especializados em construção civil!
E sobram-nos outros braços, que sabem apanhar fruta, cuidar de estufas, amanhar a terra. Vão para a Holanda, para Inglaterra, ser explorados, em muitos casos.

Wednesday, March 22, 2006

Alheia e douta sabedoria

Se conheces o inimigo e te conheces a ti mesmo, não precisas de temer o resultado de cem batalhas. Se te conheces a ti mesmo, mas não conheces o inimigo, por cada vitória sofrerás também uma derrota. Se não te conheces a ti mesmo nem conheces o inimigo, perderás todas as batalhas.
(Sun Tzu, A Arte da Guerra)
Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.
(Sócrates)
A primeira e pior de todas as fraudes é enganar-se a si mesmo. Depois disto, todo o pecado é fácil.
(J. Bailey)
Cada homem tem em si um continente de carácter por descobrir. Feliz aquele que age como Colombo na sua própria alma.
(J. Stephen)
A mais grave das faltas é não ter consciência de falta alguma.
(Einstein)
O fundo do coração está mais longe que o fim do mundo.
(Provérbio dinamarquês)

Tuesday, March 21, 2006

Faço um quote

"...essa luz que me entrou na vida sem pedir licença apagou-se em silêncio… tornando-me náufrago dum sentimento; órfão de um sonho; dono de um tesouro bem fechado, escondido, perdido no fundo do oceano..."

Espero que ninguém me leve a mal a ousadia, porque nunca fiz o que agora aqui faço.
Recomendo uma visita aqui:
http://ruas-sem-nome.blogspot.com/

Orfeu, é uma simplicíssima homenagem ao seu modo de escrever, que me deslumbra.
Outros blogs de alta qualidade que costumo visitar, poderiam ser aqui citados, mas foi este, hoje.

Rubra


Rubra, sou rubra.
De tantas maneiras, racionais ou emotivas.
Posso dizer que o sou porque...e porque...e porque...
Posso também dizer apenas que, não sabendo porquê, me sinto, me vejo, me conheço rubra.
Ser rubra é viver pelos afectos, é sentir com força, é emocionar-se fundo, é gostar em pleno, é desprezar absolutamente.
Ser rubra não se explica, mas é uma forma de estar no mundo.
Talvez errada, porque racionalismo faz falta.
Gosto de ser quem sou e isso basta.

Contrastes









Tanta diferença!
Tanta beleza!

Monday, March 20, 2006

Eu vejo assim a Primavera



















Como força, luz e cor. Uma força nova, que transborda de todos os recantos da natureza-mãe.
De cada nesga de terra, de cada riacho, de cada ramo de árvore, sai vida em borbotões, germinam coisas novas. E desponta no coração dos homens, sem percebermos bem porquê, uma sede de harmonia, um desejo de tranquilidade, uma certeza de que algo vai ser melhor.

Chegou esta tarde

PRIMAVERA











Assim a viu Botticelli.

Tabacaria

.......................
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
e não tivesse mais irmandade com as coisas
senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
a fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
dentro da minha cabeça,
e uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
à Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
e à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
e quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
.................
FERNANDO PESSOA

Sunday, March 19, 2006

A nossa casa


Porque gostei muito disto, que li hoje, na Notícias Magazine, da autoria do psicólogo Eduardo Sá, senti-me tentada a transcrever:
...............
"Talvez o crescimento seja um rio que tem como margens o desejo e o desgosto (como, noutro dia, alguém me disse). E talvez haja quem ligue as duas margens. Os amigos, por exemplo. Alguns projectos especiais, quem sabe?!... Mas somente as pessoas que nos sentem como a sua casa ligam mais fundo as duas margens do que o rio que, por vezes, as separa. Assim, o tornam navegável.
A casa não é bem um espaço, nem um conjunto de recantos, de histórias ou de aconchegos. Nem, sequer, o nosso mundo. Mas há pessoas que inventam recantos, constroem histórias e enlaçam aconchegos. E se transformam, de surpresa, no lugar de onde, mal chegados, nunca gostaríamos de ter saído".
...................

Saturday, March 18, 2006

Coisas nossas, lindíssimas

















No passado sábado, Antena 1, ouvi cantar esta e outras quadras, com acompanhamento de viola campaniça. Julgo que o nome do programa é "terra a terra", ou algo similar.

A quadra:

Venho da ilha do Vidro
da praia dos diamantes.
ando no mundo perdido
pelos teus olhos brilhantes.

Friday, March 17, 2006

Erotismo em Rosa Lobato de Faria

Em função de assumido compromisso, numa tentativa de demonstrar opinião algures emitida por mim e corroborada por Maria_Árvore, aqui deixo uns pouquinhos versos de Rosa Lobato de Faria onde, a meu ver, erotismo não falta.

***********************

Pelo rio do meu corpo
o barco à vela dos teus olhos.

O beijo amadurece.

Que fazer
das palavras que sobram?

*********

Os teus dedos escorrendo como leite
como mel como chuva como sumo.
A sombra do meu ombro no tapete.
Os teus beijos ardendo ao pé do lume.

Que sede que silêncio que sonata
que saudade de sermos sempre assim:
a maçã sobre a salva ainda intacta
a serpente singrando sobre mim.

**********

A música chegou na polpa do silêncio
nesta tarde solar de bocas e morangos.
E bebemos licor e lambemos os dedos
entre coxas e mãos e pássaros e seios.

Há rosas de tocar pelas ilhas de cheiro.
Nos cabelos do mar ficou o vau do vento.
E pairo horizontal na berma do teu peito
cumulada de sol feita de flores por dentro.

Thursday, March 16, 2006

Natália Correia - em memória

Auto-retrato
Espáduas brancas palpitantes:
asas no exilio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.

Natália Correia
Poesia Completa
Publicações Dom Quixote

Ele acreditava nisto. E tu ?

Perdida no espaço sideral















Fada-madrinha do SLB.

Wednesday, March 15, 2006

Conto-vos















Hoje, uma colega de trabalho, teve a gentileza de levar o seu filhinho, de oito meses, lá ao nosso escritório, para termos o prazer de mimá-lo durante uns minutos.
Só há um comentário, velho, gasto, mas tão verdadeiro:
"O melhor do mundo são as crianças".
Decididamente.

Maria Teresa Horta de novo


Nasci-te





No meu ventre de mulher cresceu teu feto
e foi a minha boca
que te deu palavras
e silêncios para tu gritares
Dos meus braços multipliquei teus braços
e dei distâncias para tu voares
Dei-te tempos-de-nada
medidos de coragem
E foste. E és.

Tuesday, March 14, 2006

Poesia















Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda

Maria Teresa Horta

Com a devida vénia, retirado daqui:
http://blogdasabedoria.blogspot.com/

Prodigiosa Natureza


A luz

as folhas

o verde

a fruta

o ninho

*******

meus olhos, atentos, felizes.

Monday, March 13, 2006

Moral mural (satírica)














A moral para usar na lapela
retrato de família encaixilhado
a moral no cartão de visita
a visita que não dá nas vistas
a decência no papel notarial
a moral dos usos e costumes
regional citadina europeia
a moral do marido pra casa
a moral que se deita na cama
a moral da cabeça sem cornos
a moral que se fica na perna
pontos de honra bem localizados
a moral do amor comme il faut

A moral do manguito interior

Mendes de Carvalho

Ruy Belo

Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado

Tentações











Surrealismo, terá começado aqui ?

Antes que termine, fica a informação

A quem possa interessar:

Frida Kahlo (1907-1954)
“Pensaram que eu era Surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade”
Exposição patente ao público nas instalações do Centro Cultural de Belém, desde o dia 24 de Fevereiro até 21 de Maio de 2006.
Horario: De Terça-feira a Domingo das 10h00 às 19h00
Preços: Geral €5,00
Cartão estudante / cartão Professor CCB / 13 aos 25 anos e maiores de 65 anos €2,50
Crianças até os 12 anos €1,25

Sunday, March 12, 2006

Desde ontem, Presidente do Chile

Bem sei que já não se usa falar de 3º mundo.
Agora, ou somos desenvolvidos ou estamos em vias de...
Mas eu vou perguntar à moda antiga:
onde, onde é que é o terceiro mundo ?
Cidadania, participação, acesso para todos ?
Hoje é domingo, já me calo.

Hoje, cheirava já a primavera





E pode-se lá ficar indiferente a esta beleza ?

Eu não.

Sempre digo:

os nossos cinco sentidos são um tesouro.

E quem tiver o sexto, é abençoado.

Havia gaivotas e pombas também
















E nada me dá maior serenidade do que ficar cirandando por aqui.
Gosto de me sentar no muro onde está a pomba, ou de andar lá em baixo ao pé das gaivotas, ou de tomar um café numa esplanada que me permite ver e ouvir tudo isto.
Sou felizarda, por ter muitas vezes esta hipótese.

Friday, March 10, 2006

E o mar ali tão perto














Votos de bom fim de semana aos visitantes deste blog.
Tinha de ser com mar, areia, ondas.
Faz parte de uma mística de uso pessoal.

Que linda !

















Altaneira, grandes vôos esperam por ti, Victoria.

Meu porquinho, mealheiro

Ainda não sei se é para as férias, se é para uma OPA, mas ando a fazer uma pequenina poupança. Depois falaremos.
Belmiro de Azevedo, o Senhor não se preocupe, faz favor.
Isto é coisinha modesta, não faz sombra.

Thursday, March 09, 2006

Por dois bons motivos






















Que a FORÇA continue com o BENFICA.
Que o novo P.R. não nos entre pela TV muito amiúde.

Por agora, rematamos com Matisse



a harmonia em

VERMELHO !

Woman in RED



Even if I don't look like her,

I feel good like her !

Orgulho, estouro de orgulho












Porque a VITÓRIA foi merecida.
Se alguém disser o contrário, é porque mente !

Wednesday, March 08, 2006

Há sonhos em forma de Anjo

E
iluminam
tudo
ao
seu
redor.